O terceiro filme de Lucía Puenzo baseia-se novamente num romance seu. Wakolda, estreado há alguns dias no Festival de Cannes, recria a figura real do médico nazi Josef Mengele durante a sua estadia na Argentina e ficciona as suas experimentações genéticas numa criança com dificuldades de crescimento.
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Uma família argentina conhece na Patagónia um médico alemão que se apresenta sob o nome de Helmut Gregor (Àlex Brendemühl) e se mostra fascinado pela “beleza perfeita” de Lilith (Florencia Bado), a filha de doze anos que, devido a um problema hormonal, não cresceu o suficiente para a idade. Por sua vez, os pais, Eva (Natalia Oreiro) e Enzo (Diego Peretti), deixam-se cativar pelo carisma e conhecimentos do Dr. Gregor, e aceitam que aplique à jovem um tratamento que lhe permita atingir a estatura normal. Com este argumento de thriller, Lucía Puenzo (XXY e El niño pez) aborda na sua terceira longa-metragem a figura do médico nazi Josef Mengele, o Anjo da Morte de Auschwitz, célebre pelas suas bárbaras experimentações científicas, de quem se sabe ter vivido clandestinamente na Argentina entre 1949 e 1962. “A essência da sua ideologia consistia em aspirar à perfeição biológica e destruir tudo aquilo que o pudesse afastar dela”, disse Puenzo sobre o filme e referindo-se a Mengele. “Essa visão biomédica situava-se no centro do movimento nazi, independentemente do contexto da guerra”. Wakolda, uma coprodução argentino-espanhola com o apoio do Ibermedia e cujo título alude ao fabrico de bonecas de porcelana, estreou recentemente no Festival de Cannes e foi largamente aplaudido por um público no qual se encontravam Manohla Dargis, chefe da secção de crítica cinematográfica do New York Times, e Thomas Sotinel, do Le Monde. Em breve o filme chegará às salas de Espanha e da América Latina.