Depois de obter vários prémios e participar em vários festivais do mundo, Viaje a Tombuctú, a primeira obra da realizadora peruana Rossana Díaz Costa, estreia a 29 de maio nos cinemas do Peru. Esta co-produção peruana-argentina recebeu o apoio do Programa Ibermedia na Convocatória de 2011.
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Viaje a Tombuctú conta a história de amor entre Ana (Andrea Patriau) e Lucho (Jair García) durante os convulsos anos oitenta no Peru. A sua passagem da infância à adolescência acontece em paralelo com as mudanças sofridas no seu país durante essa década de violência, pobreza extrema e falta de oportunidades. Para eles, a única maneira de sobreviver a tudo isto é através do amor, uma espécie de refúgio que tem como pátria um país imaginário chamado Tombuctú. No entanto, a realidade que os rodeia vai tentar interpor-se para desmoronar a sua utopia.
O filme é uma tentativa de “narrar o que acontecia no Peru dos anos 80: o terrorismo que se fazia sentir cada vez mais, o ambiente de uma classe média caída por tudo o que estava a acontecer; é um momento da história e deste grupo que acho que não foi retratado desta maneira anteriormente no nosso cinema”, explica a realizadora. “Toda a minha equipa de produção tem entre trinta e quarenta anos. Todos fomos adolescentes nessa época, pelo que o argumento foi um documento com que nos identificávamos. Tentei fazer um filme de que eu próprio gostasse, de certa forma, ou de que as pessoas da minha geração gostassem”.
Tombuctu é uma cidade que existe, mas muito pouco conhecida, o que a faz parecer imaginária, ou fantástica. “Ir para Tombuctu é como ir para a China. O curioso é que em Tombuctu não há nada, porque é um deserto em África. Trata-se da ideia de partir para um lugar longínquo onde se tem a ilusão de que as coisas estejam melhor do que onde estamos”, acrescenta.
Viaje a Tombuctú foi produto do esforço sustentado da cineasta e escritora Rossana Díaz Costa, que desde o ano de 2005 começou a revelar fragmentos do enredo da sua primeira obra quando publicou o livro de contos Los Olvidados (no los de Buñuel, los míos), semeando a semente deste filme. “Desse livro parte a necessidade de escrever um argumento. Foi em 2007 que escrevi a primeira versão deste e foi em 2012 que pude finalmente gravar o filme. São muitos anos de trabalho e força de vontade, são muitas as versões de argumento que foram escritos, são muitos os problemas que tive de resolver, são vários os prémios que me incentivaram a continuar e é muita a paciência que tenho tido”, esclarece a realizadora.
A primeira obra de Rossana Díaz Costa estreou no Festival Internacional de Cinema de Lima no ano passado, e percorreu outros festivais internacionais como o Festival de Cinema Latino de Chicago, de San Diego e do Uruguai. Além disso, colheu vários prémios como o Prémio do Público online do Festival de Cinema de Lima, o Prémio de Melhor Longa-metragem de Ficção no Festival de Cinema Latino em Punta del Este (Uruguai) e o Prémio de Distribuição e Exibição do Ministério da Cultura (Peru).