Depois de ter participado em festivais e encontros cinematográficos de diferentes partes do mundo, Saudade, a primeira obra do jovem realizador equatoriano Juan Carlos Donoso estreou comercialmente nos cinemas do Equador na passada sexta-feira 7 de março. Esta co-produção equatoriano-argentino-canadiana recebeu o apoio do Programa Ibermedia e narra uma aventura juvenil no meio de uma crise económica.
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A partir do título é fácil deduzir que a história que Donoso apresenta se situa no passado; para ser exatos, nos últimos anos da década de 90, quando o Equador passou por uma crise que provocou a dolarização da sua economia.
A personagem central do filme é Miguel (interpretada por Francisco Baquerizo), um risonho adolescente de 17 anos que de um momento para o outro tem de enfrentar profundas mudanças que o irão obrigar a reconstruir o seu mundo.
“Saudade tenta dar nome ao ambiente da adolescência com sensações, imagens, sons, os seus desejos e os seus dilaceramentos. Mais do que isso, crescer à força, quando se vive num país a cair aos bocados, tal como o seu meio e a sua família”, explica Donoso, que também admitiu que a fita conta alguns pormenores da sua adolescência sem chegar a ser uma história autobiográfica.
Para Miguel, a quebra começa quando a sua mãe biológica, que não conhece, lhes pede a ele e ao pai para a visitarem na Argentina, onde se encontra gravemente doente. Enquanto o pai faz a viagem, o jovem fica no Equador, no meio da aflição de ver o desmoronamento da sua família e a crise que o seu país está a atravessar.
“O Equador, Miguel e os seus amigos estão a atravessar a crise, existencial ou social, é igual. Talvez nós tenhamos precisado de perder a moeda para começar a perguntar-nos quem somos. Talvez quando somos adolescentes nos faça falta o nosso mundo desabar para podermos refazer um por nossa conta”, aponta Donoso ao lembrar o complicado que foi avançar com o filme.
O filme “não teve muito desenvolvimento até ter ganho o fundo do Conselho Nacional de Cinema e a convocatória do Programa Ibermedia, e depois quando surgiu a co-produção com a Argentina e o Canadá”, acrescenta.
Saudade participou no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e no de Cannes (nas secções Producer’s Network e Marche du Film), entre outros. Foi também premiado por The Global Film Initiative e está na concorrência oficial do festival da Association Rencontres Cinémas d’Amérique Latine de Toulouse.