Não, o filme chileno mais visto e celebrado de todos os tempos, nomeado para o Óscar 2013 na categoria de melhor filme estrangeiro, recria a campanha publicitária do plebiscito que conseguiu tirar da presidência o ex-ditador Augusto Pinochet. O seu realizador, Pablo Larraín, conversou recentemente com El semanal de La tercera de Chile. Falou de Não e, ao fazê-lo, falou de si próprio.
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Escreve ANDREW CHERNIN
Antes de dizer que sim, de marcar uma hora e de abrir o espaço de trabalho que tem na sua casa em Ñuñoa, Pablo Larraín quis ser claro: não iria falar da sua intimidade nem dos pormenores familiares da sua infância. “Há certas coisas que prefiro guardar em mais um espaço de mistério e que não façam necessariamente parte de um debate público nem familiar”, avisou. Mas Pablo Larraín —36 anos, realizador de quatro filmes, casado com a atriz Antonia Zegers, dois filhos— estava disposto, sim, a conversar sobre as coisas que o definem. Dos processos pessoais que enfrentou até ele, o segundo dos seis filhos do senador Hernán Larraín e da ex-ministra Magdalena Matte, ambos militantes da União Democrata Independente, UDI, um partido considerado de direita, conseguir chegar a filmar Não: um filme nomeado para o Óscar como melhor filme estrangeiro e que há pouco voltou a estrear no Chile.
Choque
“Uma coisa que sempre esteve em pugna em mim é esta ideia que há no Chile de cosmetizar o passado, de o idealizar, de o meter dentro de uma cristaleira e que isso esteja organicamente estruturado numa memória. E eu sinto que a memória, em geral, é muito mais desorganizada e caótica, e que as lembranças se vão organizando a partir da forma como quisermos que o presente seja. Ou de como quisermos que isso seja lembrado. Talvez seja aí que reside aquilo que provoca fricção entre o meu trabalho e algumas pessoas.
“A história que contámos em Não foi a de como um país negociou com Pinochet, através da sua lógica e usando as suas próprias ferramentas, para o tirar do poder. É por isso que o trabalho do publicista me parece mais interessante do que a do político. Abordámos esse lado porque pensámos que era ideologicamente mais pontiagudo. Uma parte da esquerda política esteve contra o filme e contra termos tomado o lugar dos publicistas. E isso acontece porque eles os ignoraram depois de chegarem ao poder. Nós reparámos nesses heróis que fizeram esta épica do país que se mobiliza, porque também foi construída por pessoas que vendiam massa de arroz e Coca-Cola.
“Quando hoje a velha esquerda se irrita porque abordámos essa perspetiva tem muito mais a ver com o modo como eles imaginam o passado e como o querem lembrar do que efetivamente com a maneira em que as coisas aconteceram. Se perguntar a José Manuel Salcedo ou a Enrique García [dois dos criadores da campanha do Não] o que acham do filme, vão dizer que gostam e que não representa necessariamente como as coisas foram. Há coisas que se aproximam mais da realidade do que outras, mas este não é um tratado de época e ninguém o entende assim, salvo as pessoas que precisam de legitimar uma verdade histórica.
“E quando essa legitimação é posta em causa, defendem-na com unhas e dentes como cães bravos e estão enganados, porque me atacam a mim ou o filme, e não a lógica com que foi feito. Atacam o autor e desqualificam-me por razões de classe ou origem ideológica”.
Snob
“Eu andava num colégio muito snob, muito de direita, o Colégio Apoquindo. Lá a tensão passava pelas coisas que uns tinham e as coisas que outros tinham. No Apoquindo eu era um miúdo com muito mau comportamento. Com páginas e páginas de anotações negativas. Com muito más notas. Com uma permanente ameaça de ser expulso. E era um miúdo com um desassossego muito forte, bastante amargo. Porque aquilo que via lá nunca me deixou confortável. Era um colégio muito violento. O bullying não se chamava bullying naquela altura, porque não era uma palavra conhecida, mas era feroz. Brigávamos imenso. Era uma espécie de colégio interno de crianças com motorista.
“Estando no oitavo básico, a minha mãe iluminou-se e percebeu que não era um bom lugar para mim e para o meu irmão Juane (Juan de Dios). Tirou-nos daquele colégio e levou-nos para outro, o Francisco de Asís, muito mais diverso.
Quando a velha esquerda se irrita porque abordámos essa perspetiva tem muito mais a ver com o modo como eles imaginam o passado e como o querem lembrar do que efetivamente com a maneira em que as coisas aconteceram
“Uma professora, a Cecilia Mackay, a dada altura começou a projetar filmes em 16 mm, no refeitório do colégio. Os únicos filmes que se podiam alugar no Chile naquela altura, em 16 mm, eram os do Goethe Institut. Então todo o cinema estava em alemão. Passado um ano fiz-me sócio do Goethe e comecei a alugar filmes. Esse é o projetor (aponta para ele no chão do escritório) e esse é um filme do Goethe que nunca devolvi. Com esse projetor metia-me no quarto e projetava os filmes. Comecei a fazer um mundo próprio dentro da minha casa e do meu meio, baseado nos filmes. E como naquela altura os únicos filmes que havia e que eu podia projetar eram do cinema alemão, formei-me a ver Fritz Lang, Herzog, os primeiros filmes de Wenders, Murnau.
“O golpe do colégio foi super forte. Eu, tal como toda a minha família, estava pronto para ser advogado. Andava no pré-universitário para poder entrar numa escola de Direito o mais decente possível. E à última da hora disse mais ou menos aos meus velhos que não, que eu queria fazer outras coisas. Que eu gostava de filmes. Não houve problema. Se eu estivesse confortável naquele lugar, eles iam apoiar.
“Se não me tivessem mudado de colégio, dificilmente teria conseguido meter-me nisto. Sair do Apoquindo foi muito libertador. Encontrei outro sítio, onde havia pessoas de todas as origens. Onde foi possível começar a afastar-me da minha família e ver as coisas como me pareciam”.
“Isso andava de mãos dadas com deixar a adolescência e começar a tornar-me um homem e a perceber como é que o Chile é e o que tinha acontecido. Eu desconhecia muitas das coisas que tinham ocorrido. Ou tinham-mas contado de outra maneira. E a primeira impressão foi de vergonha: quando nos apercebemos daquilo que realmente pensamos e de onde nos situamos ideologicamente, temos uma vergonha muito poderosa… Quando nos auto-qualificamos, não somos muito auto-complacentes. Eu pelo menos não sou. Então tive vergonha de ter tido uma infância confortável e uma infância cega. Revitalizou-me muito a ideia de poder compreender, partilhar uma visão ideológica e poder aproximar-me do que aconteceu no Chile e da dor de muitas pessoas, sem necessariamente poder experimentar essa dor. O mais importante foi conhecer pessoas que tinham estado direta ou indiretamente ligadas à dor da ditadura. Isso talvez tenha sido o mais forte: dar-lhe uma primeira dimensão humana. Compreender esse ressentimento”.
Fuga
“Na adolescência descobri que era capaz de tirar fotografias e bastante bem. No início era frustrante, porque mostrava as minhas fotografias aos amigos e em casa, e não provocavam nada em ninguém. Depois comecei a conhecer outras pessoas que tinham interesses fotográficos, mostrávamos as nossas fotografias e lá ganhava sentido. Até que entrei na faculdade (em Comunicação Audiovisual na Universidade de Artes, Ciências e Comunicação, Uniacc) e apareceu o vídeo. Tive como professor Cristián Sánchez, que se preocupava com os alunos imprimirem os seus próprios desejos nos trabalhos. Haver algo privado neles. Pareceu-me poderoso. Anos mais tarde, quando estive no seminário de realização de Alfred Castro, isso pareceu-me ainda mais patente, porque fazíamos exercícios de teatro nos quais o único que eles nos pedia era para instalarmos os nossos desejos no palco.
“Antes tinha feito teatro, no colégio. Mas aquela transfiguração de subir para o palco e representar mais alguém requer demasiados elementos que eu não tenho. Por isso pus de parte esse caminho. Sinto-me cobarde de mais para estar à frente de uma câmara. Sempre me considerei mais estranho do que bonito. Nunca me considerei como alguém que tivesse energia para estar à frente de um público. Provocava-me insegurança. Talvez tenha obtido a segurança ao estar por trás de uma câmara e criar um mundo em que eu não apareço.
As pessoas que se opuseram ao plebiscito se aperceberam de que estavam a negociar, de que isso podia ter consequências negativas no futuro. Isso é importante: como é que negociamos com um modelo do qual abusámos hoje em dia
“Os meus primeiros anos de formação intelectual estiveram mais ligados a encher os vazios que tinha do que a encontrar uma identidade. Tinham a ver com conhecer e ler Shakespeare, coisa que não tinha feito no colégio. A minha universidade também não era muito boa. Nunca tive uma estrutura académica muito sólida. Sou muito mais autodidata do que outra pessoa que tenha tido uma formação académica clara e definida. Estudei num instituto onde ninguém se especializava em nada, onde ensinavam um pouco de tudo. Esse pastiche de ideias obrigou-me a tentar dar-lhe uma estrutura. Enquanto estudava Comunicação Audiovisual comecei a estudar Jornalismo. Acabei os dois cursos, mas só me licenciei em Comunicação Audiovisual.
“Assim que pude, aos 21 ou 22 anos, comecei a tirar fotografias para revistas e a fazer filmes de casamentos. Isso deu-me alguns recursos, e saí de casa imediatamente. Fui para Santiago Poniente, onde vivi seis ou sete anos. Primeiro no bairro Brasil e depois no bairro Lastarria, a tentar desaparecer. Quer dizer, mais do que desaparecer, a tentar compreender a cidade um pouco melhor. Tive a necessidade de, em vez de me deslocar a partir de Los Dominicos, que era onde vivíamos, para a Uniacc, em Salvador, deslocar-me do bairro Brasil. Era compreender a cidade do outro lado. Aproximar-me da Santiago que mais me interessa”.
Hernán
“Sair de casa dos meus pais não significou qualquer custo para mim. Consegui usar bem essa personalidade mais retraída, de poder estar sozinho muito tempo e começar a formar-me como adulto. Principalmente com um pai que se torna senador (Hernán Larraín) e que representa um monte de coisas do ponto de vista ideológico, é que eu precisei de situar um espaço libertador e próprio. Fui procurando esse canto no meu apartamento.
“O meu pai torna-se senador em 1994, no mesmo ano em que saí do colégio. E eu saí de casa em 1998. Quando o meu pai já era senador há alguns anos, a convivência com a sua figura tornou-se muito pesada para mim. Decidi mudar de casa. Não por causa dele. Pessoalmente, eu tinha uma relação espetacular com ele e é uma pessoa que me educou com muita liberdade. Sempre me perguntei o que teria acontecido com alguém que viesse do mundo da esquerda dura e tivesse um filho de direita. Como o geriria? Seria capaz de lhe entregar essa liberdade? Em minha casa nunca tive um problema por causa das minhas ideias. Sinto que o meu pai tem um certo fascínio por haver na sua família vozes diversas e ele ter sido o responsável por educar essa família dessa maneira, na qual cada um pensa como quer. Acho isso difícil. Se um dos meus filhos, virando o disco, se tornasse uma pessoa de direita, ser-me-ia muito difícil conseguir conviver com isso.
“O facto de eu fazer filmes sobre ditaduras como forma de reinterpretar as histórias que eu ouvia do meu pai é um facto muito menos consciente. Não é algo que eu tenha estruturado para poder explicar o meu comportamento ou poder estar mais descansado. Para mim, o cinema não foi um Hamlet. Não o pensei como um lugar para poder expiar e resolver questões pendentes com o meu pai e a sua história. Foi muitíssimo mais espontâneo. Não digo que não tenha sido assim, mas Hamlet fala com o fantasma do pai. E o fantasma do meu pai é um fantasma de carne e osso. Que está aqui, está presente”.
FICÇÃO
“Coloquei-me muitas perguntas ao fazer estes três filmes (Tony Manero, Post Mortem e Não) e as respostas que tenho são muito poucas. Ou nenhuma. Pergunto-me: O que aconteceu? Como fomos capazes de fazer tanto mal? Como é que estruturámos uma sociedade sustentada num ressentimento tão profundo entre ideologias e classes…? O meu trabalho não está instalado a partir de certezas. Tem mais a ver com tentar encontrar pequenas coisas que se articulem e dêem uma ideia a partir da ficção, porque eu não faço documentários nem filmes que tenham um papel historiográfico. Quando finalmente a consegui organizar e dar sentido à formação em retalhos que tive, consegui estruturá-la mais a partir do desassossego e da perplexidade do que da certeza. A partir da ideia de fazer perguntas e não esperar respostas. Quando há uma resposta, então já não me interessa. Porque responder a alguma coisa é encher os espaços que não esperamos que estejam cheios.
“Muitos dizem-me: «Porque é que não fazes um filme sobre o mundo que mais te corresponde, que é o mundo mais snob, mais aristocrático, mais classe alta?» Eu acho esse mundo enormemente aborrecido, pouco interessante, com uma capacidade de abstração limitada. Talvez algum dia o faça, o redescubra e veja interesse nele. Mas comecei a fazer um cinema mais político porque a partir dele surgem perguntas mais interessantes. Prefiro meter-me na cabeça de uma pessoa como o protagonista de Tony Manero ou de Post Mortem ou de Não do que na de uma pessoa de quem possa ter estado mais perto. Por enquanto, tem-me interessado explorar lugares que para mim são mais desconhecidos do que conhecidos”.
Vestígios
“Em Não há um diálogo em que a personagem da Antonia (Zegers) diz à personagem do Gael (García Bernal): «Palhaço, votar neste plebiscito é dizer sim à Constituição do Pinochet». Diz-lhe que significa aceitar a sua figura. E isso tem uma ideia um pouco premonitória, no sentido de que as pessoas que se opuseram ao plebiscito, que não foram poucas, se aperceberam de que estavam a negociar, de que isso podia ter consequências negativas no futuro.
“Isso é importante para mim no filme: como é que negociamos com um modelo do qual abusámos hoje em dia. A ideia de existirem instituições como as isapres [Instituições de Saúde Previsional, base do modelo privado de saúde chileno], o sistema médico e o ensino concebidos por um sistema de lucro versus um país que lutou para equilibrar as coisas: esse pacto, com essa lógica social, foi feito no plebiscito. Ou o modelo da ordem social que Pinochet tinha, que hoje tem o país com oito ou dez donos, e um deles é o atual presidente do Chile.
“O próprio Piñero vê Não e diz que o filme se baseava de mais no marketing, por isso não gostou muito. É para levar as mãos à cabeça e dizer: «Este senhor não percebeu nada». Baseia-se no marketing porque achámos interessante ver a alegoria desse lugar. Ele era uma pessoa rica no ano de 88. Hoje é bilionário. O que é que ele não percebeu?”.
APRENDIZAGEM
“O primeiro filme que fiz foi Fuga (2006), que tinha ideias a mais, muitas pretensões, muitas pontas soltas, ligações mal feitas. Depois de o estrear enfrentei um sector da sociedade que tinha estado muitos anos a lutar para as suas ideias serem respeitadas e lhes permitirem pensar de maneira diferente. Mas quando aparece alguém de outro lado, talvez muito parecido a eles, a minha origem de classe impede as boas-vindas. Então estes tipos começam a agir da forma que odeiam, a tratar as outras pessoas da mesma maneira em que eles foram tratados.
“Com o tempo há uma parte dessa esquerda que não me autorizou a falar de certas coisas, portanto agora sou eu que também me sinto com o direito de ser ressentido e arbitrário. O que tenho evitado fazer, e acho que o consegui, é evitar que os meus filmes estejam impregnados dessa dor e dessa raiva. São bons motores, mas não uma substância para sustentar uma obra, porque perde audácia, inteligência e transforma-se numa birra.
“No início, quando me criticaram duramente pela ideia de ser uma pessoa que vem de uma família de direita, lidei com isso bastante mal, porque não me foi permitido, por um bom sector da cultura, fazer filmes. Como se a cultura fosse propriedade de alguém. Depois, com o tempo, não só consegui conviver bem com isso mas também a ter prazer. Como quando um crítico é filtrado pela ideia da classe e de que determinada aproximação estética a determinados fenómenos históricos só podem ser abordados por determinada classe. Então, tudo o que essa pessoa diz dilui-se em nada. E começamos a perceber bem de que é que estamos a falar.
“Eu percebo. Se fosse uma pessoa que tivesse sofrido durante a ditadura e aparecesse um rapazinho Larraín Matte a fazer estes filmes, provavelmente teria regido da mesma forma. Eu compreendo isso. Mas transformar isso numa avaliação artística, isso não permito.
Tenho evitado fazer que os meus filmes estejam impregnados dessa dor e dessa raiva. São bons motores, mas não uma substância para sustentar uma obra, porque perde audácia, inteligência e transforma-se numa birra
“Como sempre vivi protegido, como nunca tive medo em ditadura nem estive perto de qualquer forma de violência, como vivi confortável e seguro, e depois, quando chegou a altura de ter uma identidade, formulei as minhas próprias ideias, tive de enfrentar esse tratamento que por vezes me foi dado. Porque o sítio de onde eu venho não deixa a direita confortável, dado que os meus filmes não deixam esse sector ficar bem. E a esquerda também reage mal. Então fico sem lugar. Sem fazer parte de nenhum grupo.
“Com o tempo tenho aprendido a viver com as críticas que questionam a minha origem. Não me complica e não se trata de ter couro de porco. Pelo contrário, tenho couro de mosca. As coisas continuam a afetar-me, mas sou capaz de as internalizar e conviver com elas. Em vez de me instalar num espaço piegas, como se fosse uma criança maltratada, habituei-me. Acostumei-me mais aos calduços do que às palmadinhas no ombro. Aos pontapés do que aos abraços. Mas também me acostumei a tirar prazer disso. A não chorar nem me fazer de vítima, mas sim a compreendê-lo.
“Interessa-me mais o silêncio nesse sentido. É por isso que não tenho jeito para as entrevistas. Prefiro defender-me com os filmes, que é o que eu faço. Talvez o que mais irrite algumas pessoas é que tenham sucesso. Deve haver pessoas que acham inaceitável e injusto eu ter uma nomeação para o Óscar, o que eu acho ainda mais interessante.
“Em tempos já me senti a criança maltratada, mas depois senti-me com o dever e o direito de distribuir murros. Não é que agora tenha passado de ser a criança maltratada à criança que maltrata. A diferença é que hoje sei defender-me. Agora aprendi a bater”.
Esta crónica foi publicada no El Semanal de ‘La Tercera’ do Chile no domingo 20 de janeiro de 201. As fotografias que aparecem na reprodução do artigo são de Pablo Sanhueza, da AgenciaUno.